Com deleite, o jovem casal passou a contemplar o sol poente que, através de rosados raios, coloria o céu em lindo arrebol.
Era o sexto dia que chegava ao seu final, dando lugar às horas de um dia especial: o sábado.
Esse dia, em seu significado, seria solene para todos os súditos do Eterno, pois seu alvorecer traria a vitória para o reino da luz.
O sol, que durante o sexto dia alegrara a natureza com seu brilho e calor, ocultou-se, deixando-a em frias sombras.
Os alegres pássaros, silenciando seus trinos, buscavam seus ninhos enquanto os outros animais se recolhiam.
Somente o casal permaneceu imóvel, procurando divisar, no último lampejo que se apagava no horizonte, a esperança de um novo alvorecer.
Indagavam o sentido das trevas quando, por entre as ramagens, viram um lindo luar, cujos raios prateados banhavam a natureza em suave luminosidade.
Todo o céu estava iluminado pelo fulgor das estrelas.
Admirados, descobriram que a noite somente era trevas quando se olhava para baixo.
Adão e Eva em sua inocência não sabiam que aquela noite simbolizava o futuro sombrio da humanidade.
Quando o compreendessem, ficariam confortados ao contemplar o fulgor dos céus: o luar falaria de esperança e as estrelas cintilantes testemunhariam o interesse das hostes da luz em aclarar-lhes as trevas morais, dando alento aos pecadores.
Mas seriam iluminados apenas àqueles que, desviando os olhos da Terra, contemplassem os altos céus.
Após contemplar por algum tempo o céu em sua luminosidade, o casal, lembrando-se das belezas do paraíso, volveu os olhos, buscando divisá-las.
Estavam, porém, ocultas em meio às sombras.
Quanto almejavam o alvorecer, pois somente ele traria consigo o paraíso!
Ante o anseio do coração humano, o Eterno surgiu em meio às trevas, devolvendo ao casal a alegria de se encontrar novamente num jardim colorido.
Banhados em suave luz caminhavam agora por prados verdejantes e floridos, o brilho do Criador despertava a natureza por onde passavam, colorindo e alegrando tudo em derredor.
O casal, admirado, aprendeu que ao lado do Eterno poderiam ter um paraíso em plena noite.
Sentindo-se sonolentos, Adão e Eva recostaram-se no colo do amoroso Pai, que os faz adormecer docemente, esperançosos de um despertar feliz.
Deitando-os sobre a relva macia, o Eterno elevou-Se indo para junto das hostes contemplativas.
Voltaria a manifestar-Se ao alvorecer, fazendo o casal despertar para o mais solene acontecimento, que reduziria a pó as vis acusações dos inimigos.