Então Satanás, que observava atentamente o casal, percebeu estar chegando a sua oportunidade.
Aproximou-se de forma invisível do paraíso, e ficou esperando o melhor momento para armar sua cilada.
Inconsciente da presença do inimigo, o casal continuava em sua desprendida alegria brincando despreocupadamente com os animais.
No semblante transtornado de Satanás estampou-se um maldoso sorriso, ao presenciar um descuido do casal: em sua exaltação, haviam afastando-se um do outro.
O astuto inimigo, não perdendo tempo, apossou-se de uma serpente, a mais bela do paraíso, fazendo-a aproximar-se graciosamente de Eva.
Eva, que assentada no gramado brincava com os animais, percebeu a presença da atraente serpente, cujo corpo refletia as cores do arco-íris.
Ficou admirada ao vê-la colher flores e frutos do jardim, depositando-os a seus pés.
Agradecida, tomou-a nos braços, dedicando-lhe afeto.
Tendo conquistado a afeição da mulher, Satanás, em sua astúcia, começou a atraí-la para junto da árvore da ciência do bem e do mal. Sem se dar conta do perigo, Eva acompanhou a serpente até a árvore da prova.
Ali, tendo nos braços o inimigo velado, acariciou-o e disse-lhe palavras de carinho.
Tendo nos olhos o brilho da sedução, a serpente pôs-se a falar.
Suas palavras eram cheias de sabedoria e ternura e sua voz como a de um anjo.
Eva mal pôde crer no que via.
Sua alegria tornou-se imensa por ter nos braços uma criatura tão fantástica.
Passaram a conversar sobre muitas coisas: o amor; as belezas do jardim; o poder do Criador.
Eva ficou admirada ante o conhecimento tão vasto da serpente, que discorria com maestria sobre qualquer assunto.
Envolvida por essa experiência, Eva esqueceu-se completamente de seu companheiro.
Nem sequer passavam pela sua mente as advertências dos anjos.