Após desfrutar o pecado, o jovem casal sentiu-se mal.
Inicialmente sentiram um grande vazio no coração, que logo foi preenchido pelo remorso e pela tristeza.
Perceberam que, inspirados pela cobiça, haviam selado sua triste sorte e a de toda a criação.
Parecia-lhes ouvir ao longe o gemido de um Universo vencido.
O sol, que os enchera de vida e calor naquele dia, ocultava-se no horizonte, anunciando-lhes uma negra noite.
O arrebol, que até ali anunciara-lhes o feliz encontro com o Criador, parecia envolve-los numa sentença de que jamais despertariam para um novo dia.
Não ousavam sequer olhar para cima, temendo ver cair sobre eles o raio do juízo que os reduziria a pó.
Com o olhar voltado para o frio solo vinha-lhes à lembrança a sentença:
“No dia em que dela comerdes, certamente morrereis”.
Desesperadas lágrimas rolavam em seus rostos ao aguardarem o trágico fim.
Ao considerar o motivo de sua rebelião, Adão começou a recriminar sua esposa por ter dado ouvidos à serpente.
Eva, por sua vez, procurando desculpar-se, lançou a culpa sobre o Criador, dizendo:
“Por que o Eterno permitiu que a serpente me enganasse?!”
O amor que reinava no coração humano desaparecia, dando lugar ao orgulho e ao egoísmo, que se fundiam em ressentimentos e ódio.
Sua natureza já não era pura e santa, mas corrompida e cheia de rebeldia.
Tudo estava mudado.
Mesmo a brisa mansa que até ali os havia banhado em carícias refrescantes, enregelava agora o culposo par.
As árvores e os canteiros floridos, que eram seu deleite, consistiam agora em empecilhos ao caminharem sem rumo naquela noite.
O propósito de Satanás em encher o sábado de trevas parecia haver se cumprido.
Naquela noite, não existia sequer o reflexo prateado do luar para falar-lhes de esperança.
As estrelas cintilantes, suspensas no escuro céu, estavam ofuscadas pela dor.
Baixavam sobre o mundo as trevas de uma longa noite de pecado; sombras sob as quais tantos se arrastariam sem esperança de um alvorecer.