Seis arrebóis já haviam colorido os céus anunciando ao casal as noites escuras e frias que com seu manto de trevas desfazia todas as imagens vivas, menos a esperança de revê-las coloridas no alvorecer de luz.
Aproximava-se agora a hora do sacrifício, quando o rude altar, abrasado em sua justiça clamaria pôr sangue.
Se não lhe oferecessem a oferta, explodiria com certeza, envolvendo todo o mundo com suas chamas;
Já não haveria então alvorecer, nem esperança de Éden a florir.
Quão precioso é o sangue! Sangue é vida; vida é luz!
Para um ser aquela noite tornar-se-ia eterna, sem alvorecer!
Esse ser deveria assumir a culpa de todo o mundo, dando o seu sangue ao rude altar.
Quem se ofereceria?
Quem verteria a seiva da vida, até ver a última estrela apagar-se em seu céu?!
Adão e Eva depois de refletirem por longo tempo, contemplando o berço da morte construído pôr suas mãos, entreolharam-se inquietos com essa questão decisiva:
Quem se oferecerá?
Essa indagação nascida de sua culpa, fez vibrar no profundo de suas lembranças a voz do bendito Criador em Sua revelação de infinita bondade:
“Eu os amo com um eterno amor; Eu morrerei em vosso lugar".
Agradecido, o casal prostrou-se reverentemente ante o sedento altar, vendo-o pela fé, saciado pelo dom do eterno amor.