Depois da promessa, cada cordeirinho levado ao altar fazia pulsar mais forte no ventre materno a esperança da alegria que em breve alcançariam.
Trinta e seis finalmente baixaram às trevas cumprindo o tempo determinado pelo Criador em que a primeira criança receberia a luz.
Com as mãos ainda manchadas pelo sangue do sacrifício, Adão amparou sua esposa que, aos pés do altar prostrou-se vencida pela dor que lhe trouxe o primeiro filho.
A pequena criança não trazia na face a alegria da liberdade, mas o choro de sua prisão;
Esse pranto duraria a noite inteira, não fosse o brilho daquela chama aquecida de esperança que, logo atraiu a atenção de seus olhinhos atentos.
Envolvendo-o com alegria, Eva consolada de seu sofrimento, disse:
"Alcancei do Senhor a promessa".
Deu-lhe então o nome de Caim.
Depois de envolver o filhinho com as peles macias de um cordeiro, o casal permaneceu acordado a meditar.
Muitos eram os pensamentos que ocupavam suas mentes: pensamentos de alegria, de gratidão, de esperança e de anseio pelo senso da responsabilidade que agora pesava sobre seus ombros.
Acariciando com ternura a pequena criança, o casal amadureceu em sua experiência, compreendendo melhor o misterioso amor de Deus que, para salvar Seus filhos, dispôs-Se a morrer em lugar deles.
Adão e Eva não estavam sozinhos em suas reflexões: todos os seres inteligentes do Universo consideravam com interesse sobre o futuro daquele indefeso bebê que no íntimo trazia um reino de dimensões infinitas, a ser disputado pelos dois poderes em luta.
Quem seria o Senhor de sua vida?!
Trilhariam os seus pés o caminho ascendente que leva à vida, ou a estrada descendente que termina no abismo de uma eterna morte?!
Vendo a criança esboçar o seu primeiro sorriso, o casal subitamente lembrou-se da promessa do Criador que era confirmada em cada sacrifício:
Ele nasceria da mulher como criança, com a missão de redimir a humanidade.
Não seria Caim já o cumprimento da promessa?
O infante com seus olhinhos brilhantes de alegria se parecia tanto com os cordeirinhos que nasciam e cresciam com a missão de serem sacrificados!
Considerando assim, o casal apertando o filhinho junto ao peito começou a chorar sem consolo.
Quão terrível seria oferecer seu filhinho inocente ao rude altar!
Para o casal compungido pela dor surgiu em fim o brilhante sol fazendo reviver com seus cálidos raios as promessas que apontavam para um Salvador que, ainda no futuro, nasceria também da dor para cumprir o eterno plano de redenção.