As semanas iam se passando, trazendo ao casal novas de alegrias e tristezas: de um coração cheio de vida a pulsar no ventre de Eva, e de um vazio com cheiro de morte a crescer no coração do jovem Caim.
Ainda que ele tenha ficado deslumbrado ante a manifestação de Deus, em nada essa aparição mudou-lhe sua maneira arrogante de pensar sobre o sentido da vida.
Ele não via sentido nos sacrifícios oferecidos no altar.
Nos dias que seguiram o seu encontro com o Criador, ele argumentava com os seus pais dizendo:
Se eu fosse poderoso como o Eterno, eu jamais me submeteria ao sacrifício para reconquistar o reino perdido.
Ele é forte, e brilha como o sol.
Ele poderia com uma só palavra expulsar todas as trevas, devolvendo-nos o paraíso
Para que tanto sofrimento?!
Com essa argumentação, Caim supunha-se mais sábio que o Criador.
Quem sabe, num próximo encontro teria oportunidade de aconselhá-Lo.
Dessa forma, o jovem Caim aprofundava-se cada vez mais no abismo do orgulho e do egoísmo, lugar de ilusões para onde se ia, pensando estar caminhando para a vitória.
Não fora Lúcifer juntamente com um terço das hostes celestes atraídos por essa mesma ilusão?!
O bondoso Deus, todavia, não selaria o destino de Caim sem antes procurar de todas as formas salvá-lo da ruína eterna.
Essa graça imerecida, fruto do divino amor, seria concedida a todo o ser humano que viesse a nascer neste mundo.