Vencida pelo horror da dura revelação, a esposa de Caim prostrara em desmaio, vindo a despertar pouco depois da partida do Eterno.
Ali em meio às trevas, lembrou-se da terrível revelação de Deus, e ficou possuída por grande medo.
Temia não somente as trevas, mas principalmente a Caim.
Pensou em gritar por socorro; mas quem a salvaria?!
Dominada por esses sentimentos, ficou atenta, esperando pelo amanhecer que revelou ao seu lado o corpo adormecido de alguém que não se parecia com Caim.
Assustada, temendo despertá-lo, afastou-se alguns passos recostando-se num tronco de árvore, onde permaneceu até vê-lo levantar a face lisa, chamando por ela.
Reconhecendo ser a voz de seu esposo, moveu-se em sua direção, mas logo deteve-se dominada pelo receio.
Indagando em seu coração sobre o mistério de sua face agora lisa, disse-lhe:
Tenho medo de aproximar-me de você!
Depois de expressar o seu temor, revelou outro maior:
Tenho também medo de fugir de você!
Erguendo-se com um sorriso, Caim perguntou-lhe:
Por que você me teme?
Porque temo a morte, respondeu aflita.
Eu também, até ontem era como você, tinha medo da morte, disse-lhe Caim.
Agora não a teme mais? Indagou-lhe sua esposa.
Não a temo, respondeu Caim, passando a mão no rosto liso.
Mas o que baniu-lhe o seu temor? Perguntou-lhe a jovem, temendo ainda aproximar-se.
Vê minha face agora lisa? Este é o sinal de uma promessa feita pelo Senhor.
Qual promessa? Perguntou-lhe sua companheira, aproximando-se agora sem receio.
Caim falou-lhe então da benção prometida e confirmada naquele sinal, da qual partilharia também ela, se o seguisse em seus passos.
Não encontraria segurança e vida, contudo, ausentando-se dele.
Consolada pela promessa de proteção garantida no rosto liso de seu esposo, aquela jovem o seguiu numa longa caminhada em contorno ao Éden.
Planejavam contorná-lo, alcançando o vale oriental que estendia-se para além de seu impenetrável prado;
Ali construiriam um altar estabelecendo o seu novo lar.